Saturday, January 29, 2005

Reality Check

De vez em quando (mas só muito de vez em quando) convém postar sobre assuntos mais sérios e relevantes, e como eu nunca digo nada de jeito, dou a palavra a Miguel Sousa Tavares.

Bagdad: Jardins Suspensos

Se houver um milagre depois de amanhã, as eleições no Iraque decorrerão com um arremedo de normalidade e esforçada legitimidade democrática. Parte substancial da população e de cada uma das três principais facções civis participará, os resultados serão mais ou menos contados sem excessiva controvérsia e o número de mortos vítimas do terrorismo não excederá o normal em cada dia que passa. Horas depois, na tranquilidade do seu gabinete em Washington e com o optimismo simplista que é apanágio dos ignorantes, George Bush irá fazer uma declaração de satisfação pelo triunfo da "democracia" no Iraque. Mas, mesmo que tudo venha a correr razoavelmente bem - numas eleições em que só no próprio dia, e por razões de segurança, os eleitores saberão onde ficam as suas assembleias de voto e em que os candidatos não revelam a sua cara nos cartazes, por medo de serem assassinados no dia seguinte, e os jornalistas têm de cobrir as eleições a partir de hotéis fortificados -, vai ser ainda necessário que o milagre se prolongue nos dias, nas semanas e nos meses seguintes, para que o desfecho das urnas não venha a ser o tiro de largada de uma guerra civil geral entre iraquianos.

O cenário é de pré-catástrofe e a saída imprevisível e à mercê dos deuses e da fortuna. Os terroristas controlam o Iraque e ninguém sabe se conseguirão impedir as eleições e fazer despoletar a guerra civil. Eis o balanço de um dos principais objectivos invocados para a invasão do Iraque, precisamente o combate ao terrorismo. Agora, é a própria CIA a reconhecer que o Iraque é hoje o bastião do terrorismo, com a invasão anglo-americana a fornecer-lhe pretexto, recrutas, território fértil e uma "causa justa" por que lutar: a expulsão dos "infiéis".

O triunfo do terror no Iraque tornou igualmente, e por si só, numa miragem outra das promessas de Bush, feita directamente aos irquianos na noite em que começou a invasão: a de que ela iria levar a paz e o progresso ao Iraque. Hoje, biliões de dólares depois, gastos unicamente a manter o Exército de 170.000 soldados americanos no país, o que resta dessas promessas é só a própria presença militar: a ONU foi-se embora, as ONG foram-se embora, sem condições de segurança mínimas para actuarem, as empresas ocidentais que restam arriscam todos os dias a vida dos seus funcionários. Não há vida económica, nem sequer vida civil. Sunitas, xiitas e curdos, todos desesperam por uma coisa apenas: que os invasores ocidentais se vão embora e levem com eles os terroristas.

É certo que Saddam Hussein foi derrubado e preso e que isso representou um benefício para o Iraque e para a Humanidade. Mas os lucros políticos dessa libertação foram ensombrados pelo embuste do pretexto para a invasão - a busca das armas de destruição maciça -, que se revelou não apenas falso, mas também forjado; pela ignomínia dos abusos sobre prisioneiros em Abu Ghraib; pelo "desaparecimento" de 50.000 prisioneiros capturados pelo exército invasor e pela extensão ao Iraque da "doutrina de Guantánamo", segundo a qual um prisioneiro estrangeiro, capturado em território estrangeiro pelas forças americanas e sobre o qual se afirme ser suspeito de terrorismo, não dispõe de qualquer protecção jurídica, face à lei americana ou outra qualquer: é um "não-existente" juridicamente, tal como os "desaparecidos" da ditadura argentina.

Bush manteve ou promoveu, neste seu segundo governo, todos os principais responsáveis "pela mentira iraquiana: Rumsfeldt, Wolfovitz, Condolezza Rice e Alberto González, ligado ao escândalo de Abu Ghraib e feito, sintomaticamente, ministro da Justiça. As sondagens que explicam a vitória de Bush mostram, sem piedade, que os americanos não vão poder usar, mais tarde, a desculpa de que "não sabiam". Elas mostram que eles sabem que Bush e os seus lhes mentiram sobre as armas de destruição maciça; sabem que o terrorismo está a ganhar a guerra no Iraque e que já causou 1400 mortos apenas entre os soldados americanos, obrigados a manter uma guerra suja, diária e sem sentido à vista; sabem de Guantánamo e de Abu Ghraib; sabem da devastação, do sofrimento e da miséria que a aventura iraquiana trouxe às populações civis, para quem o discurso da "democracia" e da "amizade" de Bush deve soar como a mais hipócrita das promessas alguma vez feitas a um povo. Sabendo tudo isso, eles reconduziram Bush apenas porque continuam a vê-lo como o mais habilitado para conduzir a luta contra o terrorismo. Ou seja, apenas porque nenhum outro 11 de Setembro ou tragédia semelhante se repetiu - dentro das fronteiras americanas. Tal como o seu Presidente, a maioria dos americanos confia em que é possível vencer o terrorismo apenas pelo lado da segurança interna, sem o vencer politicamente.

Mas se a população americana tem a desculpa do trauma do 11 de Setembro, a Administração Bush não a tem. O Iraque demonstrou que os politólogos da Casa Branca se enganaram em tudo, que desprezaram ouvir as vozes dos que lhes aconselharam mais certezas e menos teorias - tantas vezes assentes em presunções ou simples mentiras, para tentar moldar a realidade às suas doutrinas e ao seu credo político. Como disse o senador democrata Mark Dayton a Condolezza Rice, "a Administração Bush mente com demasiada frequência e de forma flagrante e intencional. Mente ao Congresso, aos vários comités e ao povo americano. É errado, é imoral e, sobretudo, é muito, muito perigoso".

Perigoso, também, é quando se chega ao ponto em que uma opinião política, tolhida pelo medo e desnorteada pela desinformação dos seus líderes, prefere conviver com a mentira, perdoar-lhes a mentira, desde que eles lhes garantam, em contrapartida, ao menos uma aparência de segurança a curto prazo. Ao contrário do que ingenuamente proclamava o cartaz do Bloco de Esquerda ("Eles mentem, eles perdem"), nenhum deles perdeu pela mentira do Iraque: Bush foi reeleito e Blair está a caminho de o ser. Durão Barroso foi promovido a Bruxelas, apressando-se logo a dizer que agora era contra "o unilateralismo americano". E Aznar só perdeu porque foi o único cujo país foi vítima do terrorismo a seguir ao 11 de Setembro e porque não resistiu, na véspera das eleições, em mentir novamente, atribuindo à ETA o que era responsabilidade do terrorismo islâmico, que ele e os seguidores de Bush exponenciaram com a aventura iraquiana.

E assim se chegou à crucial data de 30 de Janeiro, fixada para as eleições iraquianas e que, há ano e meio atrás, parecia ainda suficientemente distante para garantir uma clara melhoria do ambiente civil e das condições de segurança no país. Infelizmente, o cenário é exactamente o oposto: nunca os terroristas ditaram tão livremente a sua lei como agora. Nunca, nem no tempo de Saddam, houve tantos mortos, tanta insegurança, tanta miséria, e ninguém consegue garantir se, até, tantos abusos sem controlo. Veja-se o exemplo dos nossos GNR no Iraque: qual é, de facto, a sua grande missão? Protegerem-se a si próprios. Evitar que o primeiro incidente sério ou o primeiro morto do contingente não venha despoletar, em Portugal, o debate adormecido de saber o que fazem lá eles, que não fingir que cumprem uma missão tornada utópica, salvar a face de quem para lá os mandou e manter a tradição da nossa política de vassalagem a Washington.

Mas Alá é grande e é essa a única, a verdadeira esperança que resta à coligação cristã-ocidental que teve a displicência de imaginar que a conquista do Iraque seria um passeio civilizacional.


Miguel Sousa Tavares in Público

Friday, January 28, 2005

Incompetência



Santana diz que "está montada uma mega-fraude" em torno das sondagens

Mas este tipo bate bem da bola ? Mega-Fraude ? Uhhh ???
Com estas tiradas despropositadas, provas contínuas de imcompetência (e incontinência verbal) e constantes tiros nos pés, ele que não se admire que Sócrates leve mais de 50% dos votos do Povão. Não que eu tenha algum prazer nisso, pois esse lambidinho e arrogante líder socialista mexe-me com os nervos de uma maneira muita estranha. Mas prontos, Santana, faz lá um favor à malta e CALA A MATRACA !!! E pisga-te para uma ilha deserta ou qualquer coisa assim do género...vá...dá de frosques...

E não, não digo em quem vou votar nestas eleições. O voto é secreto ! Deixem de ser cuscos!

Monday, January 24, 2005

Desabafo

Tou farto do Trapalhoni. Tou farto de ver 11 macacos a jogar aos repelões. Tou farto de ver jogadores medíocres a envergar a camisola do Glorioso. Tou farto de ver a minha equipa dar 4 secos ao Boavista e na semana seguinte lerpar 2 manguitos do Beira-Mar (!). Tou farto de reforços virtuais. Tou farto de torcer pelo Benfas...

Monday, January 17, 2005

Sobrevalorizado



Não vos irrita quando um "suposto" clássico da 7ª Arte se revela como uma tremenda desilusão ? É que esse fenómeno acontece-me com alguma frequência, estar a ver um filme da década de 40, 50 ou 60 e perguntar-me a mim mesmo - "O que raio é que as pessoas vêem nesta merda de filme ?!?" Claro que também acontece eu deparar-me com coisas muito belas e orgásmicas como "Citizen Kane", "Vertigo", "Rashomon", etc,etc,etc...

Mas isto vem a respeito de que, no outro dia estava a ver "The Searchers" do GRANNNNNDE John Ford e...foram uns 113 penosos minutos, para não dizer pior. O tipo filma com uma pinta do caraças e há ali uns planos semi-geniais...mas porra, o filme foi capaz de me dar uma dose maciça de irritação cutânea e despertar gargalhadas despropositadas. Se calhar tenho algo contra John Wayne e estes Westerns pindéricos, com músiquinha parola, actores de "cartão" e históriazecas de 3ª categoria...não sei...não compreendo...ou se calhar sou simplesmente um cinéfilo impotente e pseudo-intelectual, que na realidade não pesca nada disto - (most likely)

Sunday, January 16, 2005

He's Back !!!

Monday, January 10, 2005

Exemplares "físicos" da tão propalada "Carga Mitica"

Por um ou outro motivo, as aptidões físicas destas ditas cujas personagens, transcendem a normalidade e são naturalmente imbuídas de grandes doses de "Carga Mítica"...

- O joelho (e já agora...a idade) do Pedro Mantorras

- A descomunal fronha do Pedro Mendes (ex-jogador do FCP)

- A melena do Nuno Gomes

- O Argel (como um todo)

- As orelhas de Luís Filipe "Mickey Mouse" Vieira

- A cara do Álvaro Magalhães sempre que o benfas marca um golo

- A cara do Álvaro Magalhães sempre que o benfas lerpa um golo

- A cara do Pintinho da Costa quando está a visionar um jogo do FCP sentado no banco de suplentes

- O bigodinho do Reinaldinho Teles

- O pirilau do Alexandre Frota

- O sexo (?) do "Conde" Castelo Branco

- A minha penca

- O rabiosque peludo do Juom

- O lendário "chicote" do JR Branco

Wednesday, January 05, 2005

Estudar Sucks

Pois é...nada como o mês de Janeiro para termos que enveredar pelos caminhos tortuosos do estudo. E os resultados práticos de tal tortura, em termos de felicidade, satisfação pessoal e aumento do conhecimento - e nisto, falo por mim - são praticamente iguais a zero. Mas a vida é assim - é suposto termos um canudo ou somos um zé-ninguém (ou uma maria-ninguém) que nunca conseguirá arranjar emprego. Mas porra, nem me devia estar a queixar, fui eu que escolhi esta merda de curso, ninguém me apontou uma pistola. Cala-te e come Duarte...